Enquanto no Brasil as Comissões de Arbitragem estão dentro das Federações e CBF, mantendo vínculo direto onde há necessidade de independência, na Inglaterra a arbitragem é gerida por entidade independente e Portugal quer seguir o mesmo caminho da Premier League.
A arbitragem portuguesa tem pouco prestígio no cenário europeu e até mesmo na Fifa, quem acompanha o futebol português percebe uma arbitragem muito aquém de outros países europeus.
Na XI Cimeira de Presidentes realizada pela Liga Portugal, houve consenso geral em relação à necessidade de se criar uma entidade externa para gerir a arbitragem do futebol profissional.
A ideia, lançada há alguns meses pela Federação Portuguesa de Futebol, logo originou a criação de um grupo de trabalho e surgiu pela necessidade de se “constituir e desenvolver um quadro de árbitros mais adequado”.
Como funciona a PGMOL (Professional Game Match Officials Board) que nasceu em 2001 quando os árbitros ingleses passaram a serem profissionais?
Hoje em dia, a empresa faz uma gestão independente do setor, sendo financiada pela PL (Premier League), FA (Football Association) e EFL (English Football League) (competições onde atuam os seus árbitros), bem como pelos patrocinadores/parceiros que se associam à marca.
Atualmente trabalham diretamente com 117 árbitros/árbitras e 177 árbitros assistentes, divididos em grupos distintos. A todos são asseguradas assessorias técnicas e condições de excelência, para que possam estar sempre no mais alto nível, numa atividade que exige exclusividade total.
Os árbitros da PGMOL se reúnem a cada quinze dias para trabalhar em conjunto aspetos físicos, técnicos e psicológicos, além de trabalharem remotamente com muita assiduidade, ou seja, de forma profissional. Cada árbitro tem um mentor (ex-árbitro experiente) que o acompanha, avaliando a sua evolução, funcionam como uma espécie de treinador individual. Todos os árbitros dispõem também de ferramentas tecnológicas de ponta, capazes de medir as suas performances em treino e em competição.
Outro fator relevante é que, para avaliar a qualidade do processo de decisão, são chamados os delegados, cargo geralmente ocupado por ex-jogadores e/ou técnicos credenciados – sempre ressalto a importância em tê-los no processo de arbitragem, algo fundamental para definir conceitos, orientações e melhor entendimento do jogo. A PGMOL conta ainda com uma enorme equipa para garantir alto desempenho: preparadores físicos, fisioterapeutas, corpo médico, psicólogos, analistas técnicos, entre outros.
Se em Portugal se deram conta dessa necessidade, no Brasil a única esperança no momento para se criar uma arbitragem independente é com a criação da Liga, algo que não deve acontecer a curto prazo. Enquanto isso, o futebol brasileiro seguirá sofrendo com a interferência e dependência das Federações e CBF e gestões muitas vezes amadoras que acabam prejudicando a qualidade do produto futebol.
