Se estavam curiosos para ver a coleção Balenciaga para o outono 2024, não foram os únicos. Na recente apresentação da Casa espanhola, um mar de celebridades fez questão de marcar presença. E não falamos apenas de quem se sentou na primeira fila, uma vez que Cardi B até fez parte do desfile.
“Queria voltar a estes espectáculos cinematográficos porque acho que não faz sentido mostrar apenas roupas bonitas. Gosto de ter esta narração. Tínhamos todas estas fotografias de pessoas em L.A. a sair de restaurantes, na estação de serviço… e apercebi-me que a maior influência que tive na minha moda está aqui, o que talvez tenha sido muitas vezes mal interpretado”
[Demna Gvasalia para a WWD]
A nova coleção convida, por si só, as celebridades a tornarem-se no centro da nossa atenção, já que Hollywood corre em pano de fundo e é o quotidiano das celebridades que serve de inspiração para a nova proposta de Demna Gvasalia. Ainda assim, a presença de nomes como Kim Kardashian, Brooklyn Beckham, Teyana Taylor, Victoria Pedretti, 2 Chainz, Lil Wayne, Nicole Kidman (a nova embaixadora da marca), entre outros, não foi bem recebida pelo público em geral.
Depois de toda a polémica envolta na campanha de novembro de 2022, como pode haver tantas figuras públicas a aplaudirem este novo espetáculo Balenciaga? A revolta dos internautas resume-se a isto. E depois somam-se as críticas às novas “criações”. A palavra colocada entre aspas serve apenas para enfatizar a descrença da maioria ao ver o aproveitamento da Casa espanhola no culto de celebridades já muito saturado. No fundo, um conceito sem star quality.
Celebridades de telefone na mão, com copos do Starbucks, óculos escuros, roupas confortáveis, casacos oversized e ténis… Todos já tivemos oportunidade de espreitar este street style repetitivo. Agora, temos a oportunidade de olhar para mais do mesmo, talvez com contornos mais exagerados ou em maiores proporções.
Para consolidar o conceito, o desfile foi realizado numa das ruas mais famosas de Los Angeles, a Windsor Boulevard, onde por lá tantas celebridades já passaram. E se inovação não foi vista nas criações, os tons de outono podem deixar a desejar. É só mais Balenciaga a transitar novamente entre o preto e o cinza, com uns azuis lá pelo meio.
Em retrospetiva de todos os pontos acima descritos – e porque gosto de dar sempre os dois lados da moeda – talvez a noção de óbvio seja, por si só, um conceito inovador e nós só estamos a ser demasiado exigentes. Quanto às polémicas, essas também prescrevem tão rápido no meio hollywoodesco, porquê continuar a castigar? Mas isto não é a vida em Hollywood, é um conceito de moda, dizem vocês. Hmm… aqui não parece tudo o mesmo?
Decidimos então que queremos cancelar Balenciaga pelos erros do passado e não gostamos da sua visão do futuro, mas como explicamos que Demna Gvasalia exerça tanta influência sobre nós? Isto não é uma mera opinião, é mesmo o título que o diretor criativo da Casa espanhola recebeu ao integrar a lista das 100 figuras mais influentes pela revista Time.
O efeito Balenciaga continua a ser curioso e difícil de se explicar. Se em 2022, depois da infame campanha, estranhávamos a forma como todos alimentavam o “monstro Balenciaga”, agora temos a certeza de que esta Besta tem mesmo algo de bestial. Não é só Kim Kardashian a vestir as suas roupas, também não pode ser só o absurdo das criações, e as restantes celebridades também não chegam para tanto buzz, mesmo que Demna faça por isso… Então, o que é? Não sabemos, mas certo é que ainda estamos a falar disto.
