Embate entre duas formações que representam bem os respetivos líderes, de identidades vincadas. Com Daniel Sousa ao leme, o FC Arouca está imbatível, assertivo e goleador como nunca visto em 23/24. O Benfica, por sua vez, formatado pelas ideias de Roger Schmidt, atravessa uma das melhores fases da época. Um embate entre duas regiões, dois clubes e, sobretudo, dois treinadores de ideias fortes.
2023 foi ano de festejar o 38.º campeonato e a nona Supertaça. Ano de sonhar na Europa (na temporada transata, claro), de saudar o regresso de Di María e de testemunhar o crescimento de António Silva e João Neves. Um ano de luxo, portanto. 2024, que já contou com a chegada de Marcos Leonardo (tão dúbio quanto entusiasmante), começa «a sério» em Arouca, contra uma formação em ascensão.
Última partida de Rui Vitória ao leme benfiquista @Andr Vidigal
Regra geral, os primeiros jogos do ano têm sido de boa memória para os encarnados. É preciso recuar até à entrada em 2019 para encontrar a primeira derrota — a única desde 2010. Na altura, em Portimão, dois autogolos (Rúben Dias e Jardel) ditaram uma descida ao quarto lugar e o despedimento de Rui Vitória, em ano de Reconquista.
Na antevisão ao encontro, Roger Schmidt salientou a dificuldade do encontro, enalteceu as qualidades adversárias, mas fez questão de recordar o bom momento encarnado. Afinal, as águias vêm de quatro vitórias consecutivas e igualaram o melhor registo da temporada (de 19 de agosto a 16 de setembro).
No lado encarnado, ausentes do duelo do próximo sábado estão Alexander Bah, David Neres, Casper Tengstedt e Juan Bernat. Do lado caseiro, Mateus Quaresma e Rafael Fernandes estão em dúvida, enquanto Vitinho e Benji Michel são cartas fora do baralho por lesão.
Os arouquenses, apesar do mau registo diante do Benfica — seis derrotas em sete receções, uma delas na corrente época —, vêm da melhor fase da época. A última derrota surgiu na receção ao SC Braga, pela margem mínima, a 12 de novembro. Desde então, com Daniel Sousa ao leme, o amargo da derrota ainda está por saborear.
O mais recente triunfo foi diante do Estrela @Kapta+
Durante largas jornadas no fundo da classificação, o FC Arouca, graças a três vitórias nos últimos cinco jogos, ganhou agora outro ar e já respira melhor, na décima posição. Em campo, Mujica tem sido um dos principais responsáveis — cinco golos no mesmo número de jogos — e, no sábado, deverá ser uma das maiores ameaças às redes de Trubin.
O ano é novo. O tempo (inevitável como é) passou, uma característica imune à vontade do Homem. No raio de ação do Homem estão, apenas, as ações que o mesmo pratica. «Ano novo, vida nova»? Depende dos homens que entrarem em campo, se querem reviver os êxitos ou os infortúnios passados. Assim sendo, a bola está onde se sente melhor — do lado dos protagonistas.
