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Arábia Saudita: o futuro da final four da Taça da Liga? :: zerozero.pt – zerozero.pt


A Arábia Saudita tem-se mostrado a nova casa de várias competições. Que o digam a Supertaça de Espanha, a Supertaça de Itália e… a final four da Taça da Liga portuguesa. Será este o caminho da prova que já se disputou no Algarve, Coimbra, Braga e Leiria? O zerozero foi conhecer perspetivas espanholas e italianas sobre um novo mundo comummente caracterizado por ser um «negócio». Será a abertura de uma caixa de Pandora?

Em Espanha, a oficialização foi feita em outubro de 2023: a Supertaça de Espanha do ano seguinte viria a ser novamente disputada na Arábia Saudita. Esta foi a terceira vez consecutiva em que a prova se realizou no Médio Oriente.

Depois de uma ida a Marrocos ainda em 2018, o novo palco começou a ser «casa» de uma das grandes competições espanholas e isso abriu portas a «novos mundos». Mas porque é que esta decisão acabou a ser tomada? Passamos a explicar.

A ideia partiu de Luis Rubiales, presidente da Federação Espanhola de Futebol na altura. O dirigente pretendia melhorar o modelo da Supertaça Espanhola e torna-la mais apetecível para o público e para o mercado, tanto que o formato passou a ser de uma final four com o campeão espanhol, o vice-campeão, o vencedor da Taça do Rei e o finalista vencido, mas, para além disso, Rubiales assinou ainda um acordo com o governo árabe para que a prova fosse realizada em território saudita até 2029. Um negócio de 320 milhões de euros.

Desde então, não houve regresso a Espanha – tanto que, a última edição foi disputada no estádio do Al-Nassr, equipa de Cristiano Ronaldo e Otávio. 

«Não é vestir a camisola a mil sauditas e esperar que eles animem a equipa»

A un paso de otra final. A dos de Besar la Gloria. Uma glória longínqua que Beto não pôde viver em carne e osso devido à distância.

Em 2024, em Ríade, FC Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid disputaram a prova, juntamente com o Osasuna. O zerozero foi em busca de tentar perceber qual é o sentimento de um adepto de um clube que, dada a pequena dimensão, não tem por hábito chegar a fases finais de competições e, quando assim o é, tem de… ir para a Arábia Saudita. O nosso portal conversou com o jovem Beto, adepto do emblema navarro.

q É um negócio puro e duro. Ao fim e ao cabo, fazem de tudo para ver o [Real] Madrid e o Barça

Beto

Numa conversa que se dividiu entre o notório amor pelo clube e o suspiro de mágoa, Beto entrou a pés juntos. «Para mim, como adepto, é bonito ver o Osasuna chegar tão longe. É bonito ver as pessoas de outros continentes a conhecer o Osasuna, a história do clube, mas, também tanto Navarra como Espanha. No entanto, ao fim e ao cabo, acabam por ser beneficiados os mesmos de sempre. É um negócio puro e duro. Ao fim e ao cabo, fazem de tudo para ver o [Real] Madrid e o Barça

«Não acho bem que se dispute a competição na Arábia Saudita. Mais do que tudo, a Supertaça de Espanha devia ser disputada em Espanha. Para os adeptos se poderem deslocar, para poderem motivar a equipa. Não é vestir a camisola a mil ou dois mil sauditas e esperar que eles a animem. No fundo, eu acredito que a Supertaça de Espanha tem de ser realizada em Espanha. Isto não valoriza o futebol espanhol. Eu só vejo isto como uma maneira de valorizar o Real Madrid e o Barcelona, mas, para isto, mais valia organizarem um amigável entre eles por lá

A energia e emoção nas palavras de Beto a falar de tudo isto revelam a mágoa de não poder estar presente – tal como os mais variados adeptos rojillos -, mas, igualmente, sobre a forma como a prova é organizada e disputada. Durante a conversa, relembrou as memórias da última Taça do Rei.

@Arquivo Pessoal

«Afeta muito a equipas como o Osasuna não ter os adeptos lá, principalmente porque foi a primeira vez que disputou uma Supertaça. No Cartuja, tivemos 1000 adeptos e isso já envolveu muita despesa. Nem vamos falar do quanto gastaríamos para ir a outro continente. Não poder animar a tua equipa numa final histórica, como assim o era para o Osasuna, sabendo que poderia ter sido em Espanha… Afeta muito a atmosfera.»

As diferenças de culturas, os grandes choques e os possíveis problemas foram tema de conversa, mas Beto afirma que, de forma geral, não ouviu falar em altercações com adeptos do Osasuna que se dirigiram ao Médio Oriente. Para além de tudo isto, fica o orgulho da caminhada da equipa.

«Ter ganho na Supertaça de Espanha seria um ímpeto de adrenalina e de confiança enorme. Imagina-te num torneio com os maiores de Espanha e poderes ter a possibilidade de vencer. Imagina-te a ter os sauditas a querer ver o Barcelona e o Real Madrid e, de repente, a equipa que ninguém conhecia e que ainda teriam de ir ver ao Google quem era é que vencia. Para nós, era tudo. Estamos muito orgulhosos do Osasuna, de como jogámos, mas saímos de lá com a cabeça levantada.»

«Se isto é o futuro do futebol, ainda bem que estou velho»

Depois do sucedido em Espanha, Itália seguiu o mote. A Supertaça italiana, disputada na passada semana, gerou alguma polémica.

final four disputada entre Napoli, Fiorentina, Internazionale e Lazio teve repercussão logo no primeiro duelo. As imagens de um estádio quase vazio começaram a inundar as redes sociais, com adeptos de todo o mundo a aparecer, em barda, a criticar o sucedido – não a pouca adesão, mas o local escolhido para disputar estas provas.

«É qualquer coisa, menos futebol, e ainda atrapalha o calendário. A final da FA Cup é a mais vista e é sempre em Wembley. Se isto é o futuro do futebol, ainda bem que estou velho», palavras de Maurizio Sarri.

Depois de percebermos o cenário em Espanha, o zerozero viajou até Itália para falar com Ivan Cardia. O jornalista do TuttoMercato falou de todas as condicionantes envolvidas na organização da prova no Médio Oriente,

«É um país que se está a tentar abrir para o mundo do futebol e que tem investido massivamente. Muitos não concordam, alguns por razões políticas e outros porque gostariam que a Supercoppa Italiana fosse disputada em Itália. Além disso, este ano houve um problema de organização, pois o local e as datas foram comunicados apenas um mês antes da competição, tornando muito difícil para os adeptos italianos aparecerem. De facto, das quatro equipas, apenas o Inter tem as próprias claques a acompanhar, enquanto os ultras das outras três emitiram comunicados de protesto.»

O próprio garante, no entanto, que a organização da prova está algo consolidada depois da última edição – que também se realizou na Arábia Saudita -, mas também devido a outras que foram realizadas «lá fora», incluindo na China. Uma das razões que sustentam isto é mesmo o dinheiro envolvido.

qO Inter tem as próprias claques a acompanhar, os ultras das outras três emitiram comunicados de protesto

Ivan Cardia, jornalista do TuttoMercato

«Jogar a Supercoppa Italiana na Arábia Saudita coloca 23 milhões de euros nos cofres dos clubes da Série A (oito para o vencedor, cinco para o finalista vencido, 1,6 para cada semifinalista vencido e o restante dividido entre os outros 16 clubes), e isso tem colocado em segundo plano qualquer outro tema. Nem toda a opinião pública concorda, obviamente», afirmou, recordando as palavras de Maurizio Sarri, referindo que foi um dos elementos mais críticos sobre esta organização.

Sobre o futuro, pouco mais há para referir para além do contrato já assinada. Ivan Cardia relembra isso mesmo, dizendo que este é o primeiro ano de seis. «Quatro edições serão disputadas na Arábia Saudita. Os anos ainda não foram decididos, mas além de 2024, provavelmente serão 2025, 2028 e 2029. As outras duas edições, por outro lado, poderão ser realizadas nos Estados Unidos, mas ainda não há um acordo.»

Futuro da Taça da Liga: será este o caminho?

A questão que colocamos como título cada vez mais parece apenas retórica. Há vários meses que a Liga Portugal, através do seu presidente e diretor executivo, tem dado indícios de que é algo passível de avançar.

No entanto, já em janeiro, os «rumores» tornaram-se perto de realidade. Em entrevista ao programa Bola Branca da Rádio Renascença, Rui Caeiro enunciou que pode mesmo ser este o caminho.

qO que queremos verdadeiramente é a partir de 2026 poder projetar em termos internacionais a final four da Taça da Liga

Pedro Proença, presidente da Liga Portugal

«É uma ferramenta de internacionalização. Esta final four no fim de janeiro será uma ocasião tremenda para poder fazer a projeção para uma solução internacional. É um produto muito interessante do ponto de vista internacional, com muitos interessados em levar para os seus países. É um modelo de sucesso e internacionalizável», começou por dizer. 

«A ambição dos países do Médio Oriente em ter este tipo de competições tem estado a incrementar-se de forma significativa. É objetivo aproveitar essa oportunidade que se está a gerar. Claro que entendemos a vontade de outras geografias, mas obviamente que o Médio Oriente ganha a vantagem com o foco e o investimento em espetáculos desportivos que, neste momento, é muito significativo.»

Ainda de forma mais recente, foi a vez de Pedro Proença abordar o tema e referir: 2026 pode ser a data da mudança.

«A Taça da Liga é uma competição madura que todos os clubes querem ganhar. Só esse sinal desportivo é fundamental. Estamos num momento de transição, como sabem a partir de 2024, com a reformulação dos quadros competitivos, a Taça da Liga terá nova roupagem. Este é o último ano neste modelo, para o ano já será mais reduzido.»

«Anunciaremos em breve onde é que em 2025 acontecerá final four da Taça da Liga. O que queremos verdadeiramente é a partir de 2026 poder projetar em termos internacionais a final four da Taça da Liga, uma competição que deve e tem de ser projetada a nível internacional», finalizou o presidente da Liga Portugal, ainda referindo que há mais interessados no estrangeiro para lá da Arábia Saudita.





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Marc Valldeperez

Soy el administrador de marcahora.xyz y también un redactor deportivo. Apasionado por el deporte y su historia. Fanático de todas las disciplinas, especialmente el fútbol, el boxeo y las MMA. Encargado de escribir previas de muchos deportes, como boxeo, fútbol, NBA, deportes de motor y otros.

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