Fútbol

"Quando fui assinar pelo Boavista, o Paulo Barbosa diz-me para não assinar, que tinha algo melhor para mim e que me dava um BMW dos novos" – Tribuna Expresso


Nasceu em Kinshasa, República Democrática do Congo. Como lá foi nascer?
A minha mãe é angolana, fugiu da guerra e foi viver com os tios, no Congo. Acabou por crescer e estudar lá, onde conheceu o meu pai, que foi jogador de futebol, chegou a jogar no Belenenses, mas depois dedicou-se à mecânica.

É filho único?
Não, tenho uma irmã três anos mais nova.

Viveu no Congo até que idade?
Eu já faço em Portugal os 10 anos. Julgo que foi em 1989, altura em que os meus pais vieram embora por causa da guerra.

Qual a sua primeira memória de infância?
Confesso que não me lembro muito da minha infância. Recordo-me que frequentava uma escola privada belga e só me lembro porque tínhamos de ir fardados, com umas bermudas e uma camisa, que eu não gostava nada. E não tínhamos contacto com o exterior, tanto na escola como em casa. Vivia numa moradia vedada, não tinha contacto com o exterior e era estranho. Talvez por isso, não me lembro muito da minha infância.

Não teve aquelas brincadeiras de rua, com outros miúdos?
Tive, mas dentro da minha moradia e com os meus vizinhos, uma família africana cheia de rapazes com quem jogava à bola. Lembro-me que saltávamos o muro para ir jogar à bola na casa uns dos outros.

Em pequeno já dizia que queria ser jogador de futebol?
Sinceramente, nunca pensei em ser jogador de futebol.

Nem queria ser outra coisa?
Não era esse tipo de miúdo. Sempre fui muito alegre e contentava-me com pouco. Só queria brincadeira, era super feliz na altura. Sempre fui muito despreocupado com o que vem a seguir. Acho que é um dos meus grandes defeitos.

Em pequeno torcia por algum clube?
Pelo Benfica.

Gostava da escola?
Não. Dava-me bem na escola, embora, eu era o menino querido das pessoas, mas não gostava muito da escola, não gostava de estudar.

Quando chegaram a Portugal ficaram a viver onde?
Em Vila Franca de Xira, porque o meu pai é de lá.

Disse que o seu pai dedicou-se à mecânica depois do futebol. Foi quando cá chegou ou ainda no Congo?
Ainda foi lá. O meu pai foi o primeiro português a levar para África um macaco hidráulico para subir os carros.

E a sua mãe o que fazia profissionalmente?
Era costureira, tinha uma loja de costura.

Como foi a adaptação a Portugal, com 10 anos?
Não foi fácil. Chegámos em dezembro, de calções e t-shirt, porque saímos à pressa. Foram buscar-nos à escola, a mim e à minha irmã, viemos com a roupa que tínhamos no corpo. A minha mãe saiu sem perceber muito bem o que se passava, porque tínhamos de viajar, só quando chegámos aqui é que tivemos a noção. É verdade que levámos com dois ou três tiros na parede da sala, em casa, lembro-me desses buracos, mas não me lembro como foi, nem do barulho, só me lembro dos buracos. Foi o meu pai, que estava cá de férias, que mandou-nos buscar após ouvir as notícias. Éramos portugueses, nunca tive outra identidade, o meu pai naturalizou-nos logo portugueses.

Além do frio, o que mais estranhou?
A língua. Eu estava habituado a falar francês, mesmo em casa. E o poder estar na rua. E brincar na rua com os vizinhos, jogar à bola na rua.



Source link

Marc Valldeperez

Soy el administrador de marcahora.xyz y también un redactor deportivo. Apasionado por el deporte y su historia. Fanático de todas las disciplinas, especialmente el fútbol, el boxeo y las MMA. Encargado de escribir previas de muchos deportes, como boxeo, fútbol, NBA, deportes de motor y otros.

Related Articles

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Back to top button