Rui Alves e Carlos André Gomes debatem os desafios da insularidade Liga Portugal – Liga Portugal

Presidentes de CD Nacional e Marítimo M. estiveram juntos na 25ª Ação de Formação de Delegados, na Madeira

Os presidentes de CD Nacional e Marítimo M., Rui Alves e Carlos André Gomes, respetivamente, participaram, este sábado, num debate sobre os desafios da insularidade no Futebol Profissional, desde constrangimentos logísticos, financeiros e na capacidade de atrair e reter talento. A iniciativa integrou a 25ª Ação de Formação de Delegados da Liga Portugal, a decorrer no Funchal.

“Viver numa ilha num contexto em que se desloca de 15 em 15 dias é um desafio tremendo de logística. A fase de contratação de jogadores, de trazer reforços para as equipas, torna-se desafiante. Depois, temos os condicionalismos do transporte aéreo para a Madeira e outra série de constrangimentos que nos afetam. Tentamos organizar-nos, mas por vezes não temos outra possibilidade”, afirmou o presidente do Marítimo M.

Rui Alves, líder do CD Nacional, explicou que essas dificuldades já entraram na rotina, mas alertou para as dificuldades de contratação de jogadores, nomeadamente atletas nacionais que residam no continente.

“Estes constrangimentos de mobilidade entraram na rotina, não creio que reduzam a competitividade das equipas insulares. As equipas têm duas dimensões, a do local onde estão, e a outra da estratégia política do Governo Regional. Esta dimensão impõe mais ou menos constrangimentos à nossa competitividade. Só nos sentimos em igualdade quando contratamos estrangeiros. Se fosse atleta profissional e natural do continente, preferia ficar num clube continental. Mas não devemos fazer dos desafios problemas”, sublinhou Rui Alves.

Os presidentes de CD Nacional e Marítimo M. conversaram sobre os desafios da insularidade relacionados com a captação e retenção de talento. “Temos uma vantagem. A Madeira é uma ilha maravilhosa. Tanto o Marítimo M. como o CD Nacional são clubes históricos do Futebol nacional. O Futebol português é um mercado intermédio, de passagem, de descobrir, potenciar e vender talentos. Estes clubes que estão na Liga Portugal SABSEG têm um potencial enorme de descobrir talento para transferir para campeonatos mais competitivos ou para equipas nacionais doutros patamares. Isso leva-nos a convencer o próprio jogador a ser ele a investir nele próprio para atingir outros patamares. Em igualdade de circunstâncias, conseguimos, mas não temos os mesmos orçamentos”, referiu Carlos André Gomes.

O presidente do Marítimo M. explicou a estratégia para reter talento na formação. “O talento da ilha chega-nos facilmente. Todos querem jogar no Marítimo M. ou no CD Nacional. Depois, temos outro problema. Miúdos com muito talento, mas com ambição de irem para um Benfica, FC Porto ou Sporting. É difícil retê-los nessa fase. Queremos dotar as camadas jovens de condições perto do que se pratica no plantel sénior, para perceberem que há a estratégia de os promover dentro do projeto do Marítimo M.”, vincou Carlos André Gomes.

Rui Alves destacou os problemas da base de recrutamento. “Esse é o verdadeiro constrangimento insular. A base é curta. Vivemos num ciclo demográfico preocupante. O número de atletas que podemos captar é limitado. Mas o nosso projeto de formação é diferente. O CD Nacional não é uma fábrica de atletas profissionais, mas sim uma fábrica de homens de futuro”, reforçou Rui Alves.

Por último, numa mensagem aos Delegados, os presidentes de CD Nacional e Marítimo M. elogiaram o desenvolvimento da função. “Os Delegados seguiram o desenvolvimento do futebol. São um pilar da organização e estão num nível bastante elevado. Da minha parte, procuro, como dirigente, responder ao que me é solicitado. Sem eles, dificilmente se poderiam iniciar jogos”, afirmou Rui Alves. “Registo o cuidado e o respeito por parte dos Delegados para com o Marítimo M.”, concluiu Carlos André Gomes.

A 25ª Ação de Formação de Delegados teve início este sábado. Amanhã, a comitiva visitará a Câmara Municipal do Funchal e será assinado um protocolo entre a Liga Portugal e a Associação de Futebol da Madeira.