Há poucas equipas que se podem vangloriar de ter vencido o FC Porto três vezes numa só época, mas o Estoril é uma delas. Os dragões tiveram um erro enorme, que resultou na expulsão de Diogo Costa – mais tarde Francisco Conceição também foi expulso e acabaram com nove – e no golo da vitória canarinha. É esta a besta negra do Dragão?
Pela 4ª vez esta temporada, Estoril Praia e FC Porto encontravam-se, agora para o campeonato. Do lado canarinho, o grande destaque era a ausência, por lesão, do argelino Rafik Guitane (assim como de Pedro Álvaro). Do lado portista, por sua vez, Sérgio Conceição não apresentava mexidas no onze inicial, mas apresentava sim uma grande surpresa: Taremi nem no banco de suplentes estava.
Muita água e sede na mesma
O FC Porto apresenta o mesmo 11 pelo 5.º jogo consecutivo: é a 1.ª vez que acontece desde que Sérgio Conceição é o treinador dos portistas
Sem Rafik Guitane, havia a curiosidade de perceber como se apresentaria o Estoril e foi Heriberto quem surgiu na sua zona habitual, com Rodrigo Gomes a subir para extremo, a sua posição de origem. Com bola, contudo, os canarinhos mostravam-se de ideias simples, tentando explorar as transições e velocidade dos seus alas, especialmente na esquerda, onde Rodrigo Gomes e Tiago Araújo, com a ajuda de Mateus Fernandes, iam sendo a maior arma e uma dor de cabeça para João Mário e os dragões.
⚠No máximo, Sérgio Conceição tinha apresentado o mesmo 11 em 4 jogos seguidos, em 2018/19 (aconteceu por 2 vezes nessa época) pic.twitter.com/lMMFLyse3h
— Playmaker (@playmaker_PT) March 30, 2024
Sem bola, por sua vez, o Estoril apresentava um bloco compacto, com uma linha relativamente alta, mas sem pressionar intensamente o portador da bola na primeira fase de construção. Posto isto, o FC Porto passou a larga maioria (quase totalidade) da 1ª parte em ataque organizado e foi tentando diversas formas de ultrapassar esse bloco. Numa primeira fase, a melhor solução pareceu a procura de bolas nas costas da defesa, com Evanilson como referência, mas o dragão foi perdulário e o ritmo baixou. Quando isso aconteceu, começou a insistência em cruzamentos, facilitando a vida do Estoril.
Chico Conceição foi interventivo @Kapta+
Isto fez com que a grande maioria das melhores oportunidades da 1ª parte – com exceção da primeira do jogo, logo aos 7′, onde, numa transição, Cassiano obrigou Diogo Costa a grande defesa -, pertencessem aos azuis e brancos. As melhores iam surgindo pelos pés do vagabundo (com maior liberdade de movimentos, com e sem bola) Pepê e de alguns rasgos de Chico Conceição na direita, mas a turma da Cidade Invicta estava perdulária e só se podia queixar de si mesma.
Que drama!
O regresso dos balneários pouco ou nada mudou na partida e percebia-se que a cada minuto que passava, com o FC Porto a dominar a posse de bola e a tentar chegar mais longe com ela, o Estoril encolhia-se e o bloco, até então coeso, mas subido, ia começando a baixar. Isso fez o FC Porto instalar-se no meio campo adversário, mas também deu imenso espaço ao Estoril para a transição e assistimos a um festival de desperdício canarinho nos primeiros 10 minutos. O Estoril podia ter colocado os dragões em maus lençóis, mas foi excessivamente perdulário, especialmente num jogo destes.
Apesar disso, o FC Porto aguentou e, pouco depois, aos 58′, Chico Conceição caiu na área estorilista e foi assinalado penálti, por falta de Mangala. A análise foi longa, mas, após ir ao VAR, António Nobre considerou que foi o avançado quem procurou o contacto e seguiu jogo. Contudo, o drama não se ficou por aqui e, logo a seguir, aos 65′, Diogo Costa foi «queimado» por um péssimo atraso de Otávio, tentou, erradamente, fazer uma receção dificílima e acabou por fazer falta sobre Wagner Pina e ser expulso. O pesadelo portista não se ficou por aqui, porque Cassiano marcou, de livre, na sequência. Que drama!
2ª parte foi diabólica @Kapta+
Dificilmente havia pior cenário para o FC Porto neste jogo. Sérgio Conceição, apesar de todas as adversidades, tentou dar vida à equipa com as entradas de Jorgie e Iván Jaime – e mais tarde com Eustaquio e Namaso -, mas os seus comandados pareciam perdidos e, aqui e ali, via-se erros incompreensíveis.
Os ânimos, no entanto, não acalmaram e à inoperância azul e branca juntou-se ainda a cabeça perdida, que resultou na expulsão de Francisco Conceição, por segundo amarelo, aos 89′, deixando o FC Porto reduzido a nove. O tempo de compensação, como era esperado, foi bem longo (10 minutos) e Bernardo Vital ainda foi expulso, por travar Namaso, aos 90+2, quando este se ia isolar, mas o FC Porto não estava capaz de disputar devidamente o jogo e acabou, mais uma vez, derrotado por este Estoril.
