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Ep. 15 | Hélder Barbosa: «Fiz o meu último jogo sem saber e tinha lá a minha família» :: zerozero.pt – zerozero.pt


O nosso convidado tem apenas 37 anos e terminou a carreira com quase 500 jogos como profissional de futebol. Vestiu a camisola principal de Portugal por apenas uma vez, mas na formação foram quase 80. Levantou um troféu com a camisola das quinas e foi bicampeão português. Lá fora ganhou mais cinco troféus. Sempre pelas alas e a grande velocidade, com a bola colada ao pé e cruzamentos de assinatura, vestiu a camisola de 12 clubes, em cinco países diferentes. A pergunta antes do Ponto Final: quem é?

zerozero: Hélder Barbosa, obrigado por estar aqui no zerozero. Quais estas dicas chegava ao seu nome?

Hélder Barbosa: Eu chegava (risos)… Para mim acaba por ser um bocado mais fácil e penso que as pessoas que estão mais atentas ao futebol vão chegar lá.

zz: Qual é a dica mais difícil?

HB: O facto de falar em cinco países, vai fazer com que as pessoas tenham de fazer contas e tentar ver se coincide com o meu perfil.

zz: Terminou a carreira no dia 6 de maio de 2023, numa partida contra o Fafe. Ficou 1-0. Sabia que ia ser o seu último jogo?

HB: Não, não sabia. Mas o engraçado é que nesse último jogo levei a minha família toda: a minha esposa, os meus filhos, o meu pai e até um tio que sempre me acompanhou no meu início de carreira. Levei-o por ser o último jogo da temporada. Como tinha regressado a Portugal, levei-os a ver o jogo e acabou por coincidir em ser o meu último jogo. Eles viram-me no primeiro jogo da minha carreira e viram-me no último jogo da minha carreira. Não fazia ideia que iria ser o último jogo. 

zz: Isso é quase arrepiante: os astros trabalharam para isso…

HB: Nesse último jogo chorei. Lembro-me de os meus colegas terem saído do estádio e de eu ter ficado lá a apreciar o estádio e a viver o momento. Fui ter com a minha família às bancadas e chorei por estar ali com eles, com a minha família, por ser o último jogo daquela temporada. Mas nunca pensei que seria o meu último jogo. Ainda me emociono quando penso que fiz o último jogo sem saber que ia ser o último jogo e tinha lá os meus.

zz: Quando se chega àquela idade pensa-se que pode ser o último?

HB: Mesmo que não penses que pode ser o último, sabes que o último jogo está próximo. Eu sabia que estava próximo de terminar a carreira e tinha dito à minha família que iria fazer mais uma temporada e provavelmente iria ser a última. Mas não cheguei a fazer mais uma. Fico feliz pela carreira que fiz e por ter os meus perto de mim no meu jogo de despedida, mesmo não sabendo que o iria ser.

zz: E decidiu terminar a carreira quando?

HB: Quando regressei a Portugal nunca foi por motivos monetários. Se fosse por isso, eu conseguiria ficar mais uns anos lá fora. Ia nascer a minha filha e, como tal, decidimos em casa, eu e a minha esposa, que seria a altura indicada para voltar. Voltei, fui feliz no Varzim, mas depois de terminar o contrato lá vi que as propostas que eu tinha iriam continuar a ocupar muito tempo de mim, isto em relação ao que eu ia ganhar. Ou seja, comecei a a perceber que tinha de investir em projetos futuros e fazer a minha transição para o fim de carreira.

zz: Teve propostas?

HB: Sim, tive. Tive propostas de Portugal e também do estrangeiro, mas não tinha o objetivo de voltar a sair e os valores que iria receber nas propostas que me fizeram em Portugal eram muito baixo para o tempo que iria dispensar.

zz: Quando regressa a Portugal teve o choque da realidade que já não havia espaço para si na 2ª Liga?

HB: Eu tive propostas da 2ª Liga, mas, como vim para estar próximo da minha família, por causa do nascimento da minha filha, não fazia sentido aceitar propostas longe de casa. Nenhuma das propostas que tive para a 2ª Liga era perto do grande Porto. O meu objetivo era estar próximo da minha família e, por isso, não fazia sentido sair de um país onde estava a ganhar bem para estar longe da minha família também cá em Portugal. Já não fazia sentido estar a levá-los para outra cidade. Decidi esperar e foi assim que apareceu o Varzim.

zz: E esse início de época do Varzim é audaz… Lutava pela subida.

HB: Verdade. O problema é sempre quando os resultados não aparecem. Uma bola ao poste que altera a cabeça de toda a gente, todos começam a duvidar e os adeptos no Varzim são exigentes. Entrámos numa bolha que não conseguimos sair e de um projeto de subida, terminámos a lutar quase para não descer. 

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zz: Começou a jogar no Paredes: como foi parar ao futebol?

HB: Eu chutava tudo o que aparecia à frente… latas de cerveja, pedras… chutava tudo. Eu tinha um ringue perto de minha casa, na localidade de Mouriz, e à noite havia sempre futebol naquele espaço. Eu ia ver os jogos com o meu pai e chutava tudo o que via. O meu pai decidiu colocar-me no Paredes, mesmo eu não tendo idade para ir para lá. Eu tinha cinco anos e só se podia começar a jogar aos oito. Os dirigentes permitiram e eu comecei assim. Cresci logo com os mais velhos. Certo dia fui a torneio oficioso e as coisas correram muito bem. A partir desse momento, comecei a jogar: estive no Paredes até aos dez anos e depois saltei para o FC Porto.

zz: Mudou-se muito cedo para o FC Porto.

HB: Na altura não havia pagamento de verbas. A minha transferência foi paga com material desportivo: bolas, coletes, coisas desse género.

zz: Quando lhe disseram que ia para o FC Porto, com dez anos, tinha noção da dimensão do que ia ter e do que ia encontrar?

HB: Eu tinha noção. Ainda hoje é assim.

zz: Mas tinha dez anos, era uma criança…

HB: Certo, mas o meu pai alertou-me sempre muito. Eu sabia que ia para um patamar maior, já ia estar a discutir o meu lugar com os melhores. Eu tinha essa noção e acho que os miúdos nos dias de hoje não têm essa noção. Eu acho que crescíamos um bocado mais cedo, não tínhamos tantas facilidades e o meu pai fez-me ver isso muito cedo. Eu podia ir para o Boavista ou para o FC Porto, mas a minha família era toda portista e por isso foi uma escolha fácil.

zz: Vai treinar na Constituição?

HB: Sim, mas não era a Constituição de agora. Era pelado e tínhamos um campinho de futebol de 5, onde toda a gente gostava de treinar. Aquilo era sempre a doer. Já desde pequenos todos queriam ganhar. Essa é uma mensagem muito clara que passam no FC Porto: é ganhar ou ganhar. Por isso, desde pequeno que sempre entrei com essa mentalidade e, mesmo nos treinos, quando perdia, era uma azia.

zz: Já jogava encostado à ala?

HB: Sim, a minha posição sempre foi encostado às alas, fosse esquerda ou direita. Os treinadores escolhiam-me para ali porque tinha alguma qualidade técnica e era muito rápido. Naquelas idades, o que nos distingue dos outros ou é a força ou a velocidade. Eu era muito rápido e, por norma, esses jogadores encostavam-se sempre às alas. Como era esquerdino, nas camadas jovens jogava a extremo esquerdo, depois com mais idade é que passei a jogar no lado oposto, para poder rematar com o pé contrário. 

@Arquivo Pessoal

zz: A força e o poder de remate aumenta.

HB: Sim, mas na altura, quando comecei, era só encostado às alas para fazer o corredor.

zz: Tem memória de algum jogador que tenha estado consigo nesse período?

HB: A melhor memória foi o facto de ir ido para o FC Porto com o meu melhor. O Pedro Duarte jogava comigo no Paredes e foi contratado para o FC Porto na mesma altura que eu. Fomos juntos e foi mais fácil a integração, pois ajudávamo-nos um ao outro. Eu lembro-me de que, quando cheguei ao FC Porto, um dos grandes destaques era o André Carminé, que era da minha posição, Mal cheguei já sabia que ia competir com ele por um lugar e coloquei na minha cabeça que tinha de ser melhor que o Carminé.

zz: É uma formação forte e densa no FC Porto, recheada de nomes com expressão no clube e que te ajudaram a chegar à seleção nacional e estar naquela conquista enorme de 2003…

HB: Era a geração de 86, mas eu o Bruno Gama, ambos de 87, conseguimos entrar naquela geração. É uma geração fantástica e ainda me custa entender como é que alguns desses jogadores não se impuseram no futebol português e falo só da 1ª Liga. Tínhamos ali jogadores de uma qualidade enorme e o que salta logo à vista é o Márcio Sousa, o nosso Maradona. Tinha um pé esquerdo fantástico, resolveu-nos a final do Europeu e o patamar mais alto que conseguiu em Portugal foi com o Tondela, na 2ª Liga. Depois, começas a questionar.

zz: Quase todos dessa geração tiveram de sair para ter um lugar ao sol.

HB: Verdade, mas também são tempos muitos diferentes. Não tínhamos a visibilidade que há agora. Agora há Youth League, há televisão em quase todos os jogos da formação, os clubes não apostavam tanto na formação e iam muitas vezes ao campeonato sul-americano. Agora estão obrigados a apostar na formação, tem de ser. Se calhar alguns de nós poderiam ter atingido outro patamar.

zz: Tem 78 internacionalizações jovens, percorreu os escalões de formação por Portugal e esteve no Europeu de Sub-17 de 2003 quando era dos mais novos. Achava que ia ser chamado?

HB: Eu nessa altura já fazia parte do grupo. A maior surpresa foi ter sido convocado para a seleção de Sub-15, depois do Torneio Lopes da Silva, quando eu ainda não tinha idade de seleção. Chamaram-me para um torneio na Suécia e fiquei surpresa. Na altura do Europeu foi com naturalidade, pois já tinha sido chamado várias vezes. Agora, se acreditava que íamos ganhar? Tinha esse objetivo, mas sabia que não erámos candidatos a ganhar aquilo.

zz: Era a Espanha.

HB: Eram uma potência. Estava lá o David Silva… só craques.

zz: E o que vos fez ganhar?

HB: É comum dizermos que o 12º jogador é muito importante e nesse caso foi mesmo. Nós tínhamos o país nas nossas costas. O estádio sempre cheio, as pessoas sempre a puxar por nós nas ruas e nós começámos a acreditar. Sabíamos que íamos defrontar os favoritos na final, mas antes daquele jogo já toda a gente acreditava que poderíamos ganhar. O Márcio Sousa fez muita diferença e saímos de lá com algo que todos ambicionávamos.

zz: E o que deu na cabeça de alguns para pintarem o cabelo?

HB: Isso são coisas que já se combinam antes. Na altura deu para isso. O Paulo Machado pintou, mas houve mais gente a fazer essa maluquice. Foi bom sinal. 

Hélder, com o número 11, na Seleção @Arquivo Pessoal

zz: Logo a seguir a essa conquista é integrado na equipa principal do FC Porto.

HB: Depois de ganharmos o Europeu, o FC Porto convidou os jogadores de Portugal que pertenciam aos seus quadros a irem ver a final da Taça UEFA a Sevilha. Fui eu, o Paulo Machado, Márcio Sousa, o Vieirinha e o Tiago Costa

zz: Era quase um bilhete dourado para a época seguinte?

HB: Para nós foi um grande prémio. Lembro-me de chegar a Sevilha, os jogadores estarem a comer e nós juntarmo-nos ao grupo. Ficámos fascinados, eram os nossos ídolos. Foi um dia muito especial: ir para o estádio, ver aquele jogo, um encontro muito renhido, era um Celtic que tinha o Henrik Larsson e o FC Porto ganhou. Foram as condições ideais para tornar o dia espetacular para nós os cinco.

zz: É difícil para um jovem com aquela idade abstrair-se da fama e manter o foco de querer ser profissional de futebol?

HB: Quando começas a viver aquilo, ficas com um boost enérgito mais intenso. Consegues sempre dar mais um bocadinho porque é aquilo que tu queres. Sem fugir do que estamos a falar, até porque é importante, o futebol não são só coisas boas. As câmaras só mostram as coisas boas e nós só mostramos o que é bom, mas o futebol tem muita coisa má. Imagina, se o FC Porto perdesse caía toda a gente em cima.

zz: A leitura é simples: o Hélder Barbosa num ano ganha tudo e no outro só joga na equipa de Sub-19. Como é gerir isso emocionalmente?

HB: Eu sou um privilegiado porque sempre tive a família do meu lado. Então, no futebol, o meu pai sempre foi o meu ombro. O meu pai sempre me levantou nas alturas más e nas alturas boas, quando eu começava a crescer um bocadinho travava a minha euforia. O meu pai foi muito especial nisso e, por exemplo, nessa altura que poderia ser difícil, ele deu-me tranquilidade e disse que o que estava a acontecer era normal. O maior elogio que o meu pai me deu foi agora na parte final da carreira. Nunca me disse que eu fiz um grande jogo ou que marquei um grande golo. Demonstrava isso de outra forma e eu via o orgulho dele em mim. Na altura, se calhar, aquela postura incomodava-me um bocado, pois eu vi os pais dos meus amigos a elogiá-los.

zz: Mas o seu, se calhar, também o elogiava sem o Hélder Barbosa estar a ouvir.

HB: Se calhar. Ele ajudou-me muito a gerir emoções e momentos.

zz: Como soube que ia trabalhar com a equipa treinada por José Mourinho?

HB: Era trabalhar com os meus ídolos. Passei a ser reconhecido em qualquer lugar onde fosse, ofereciam tudo, queriam estar sempre a tirar fotos. Isso para um miúdo era espetacular, mas a minha família sempre soube colocar-me no sítio. 

@José Pedro Afonso/zerozero

zz: Havia muitas partidas?

HB: Bastantes. O normal nessas alturas era rapar alguma coisa… Não me aconteceu, graças a Deus. Na altura, era tudo aceitável, se calhar nos tempos de hoje era bullying. Fizeram-me uma brincadeira na entrada do autocarro. Eu fiquei à espera que toda a gente se sentasse, até que me disseram que me podia sentar num determinado sítio. Eu questionei se o lugar estava mesmo livre, insistiram a dizer que sim e sentei-me. No entanto, depois chegou um jogador a perguntar: ‘Miúdo, estás bem sentado?’ E eu perguntei: ‘És tu aqui?’ Era o Deco (risos). Ele confirmou que aquele lugar era dele, mas deixou-me ficar lá. Eu não podia acusar ninguém, mas lá disse que me tinha mandado sentar lá. Na altura foram o Vítor Baía, Pedro Emanuel e Jorge Costa. Eram brincadeiras normais.

zz: É o pertencer ao grupo.

HB: São tempos muito diferentes, eu lembro-me de, depois de um jogo na Luz onde ganhámos 0-1, com um golo do Deco, os jogadores fizeram a viagem para cima a fatiar presunto. Nós viemos com eles no autocarro e aproveitámos para comer um presuntinho na viagem para cima.

zz: O Mourinho conta muito a história dos cheiro a chamuças, portanto o presunto devia fazer parte do cardápio…

HB: Mesmo nos joguinhos que fazias nos treinos havia apostas. Quem perdesse, no dia seguinte, tinha de trazer comida (frango, chamuças, croquetes). Aquilo ficava definido antes do treino. As pessoas levavam aquilo muito a sério e aumentava o espírito de grupo porque os treinos eram durinhos e é isso que ajuda a ganhar campeonatos.

zz: Fez o seu caminho até chegar à equipa principal e foi campeão com Co Adriaanse no último jogo do campeonato, contra o Boavista.

HB: Esse jogo foi muito agridoce: fui campeão, mas saí um bocado mais cedo porque fui expulso. Achei o primeiro amarelo um bocado forçado, mas o segundo revelou alguma infantilidade minha. Estraguei um bocado a festa, mas também os planos do mister Co Adriaanse, porque queria ganhar o prémio Fair-Play nessa época e aqueles dois amarelos tiraram-nos esse prémio.

zz: Depois foi emprestado: foi um castigo dele?

HB: Não foi castigo. Eu sabia que tinha qualidade para estar no FC Porto, mas tinha de crescer, faltavam muitas coisas e precisava de jogar. Penso que foi a decisão correta.

zz: Dois anos em Coimbra.

HB: Duas meias épocas, praticamente.

zz: Verdade, depois regressou ao FC Porto, foi o único reforço de inverno. Mas cresceu muito em Coimbra?

HB: Morei sozinho e tive de sair debaixo da asa dos meus pais, apesar de eles irem ver todos os jogos ao fim-de-semana. Tive de crescer e consegui adaptar-me rapidamente. Comecei a jogar e era uma cidade jovem e que me apoiou muito. Comecei a ser reconhecido como um jogador que poderia fazer a diferença na 1ª Liga e isso originou o regresso ao FC Porto.

zz: Quando o FC Porto o foi resgatar achou normal?

HB: Antes de o FC Porto me resgatar, tive uma lesão muito grave. Recuperei no FC Porto, voltei a Coimbra, fui potenciado pelo mister Domingos Paciência e depois regresso ao FC Porto pela mão do professor Jesualdo. De forma inconsciente pensava que poderia voltar ao FC Porto, mas se terminasse a época em Coimbra também acharia normal. Quando regressei ao FC Porto sabia que o mais provável é que não entrasse logo de caras na equipa titular, mas iria ter mais regularidade no futuro, algo que não aconteceu.

zz: Consegue perceber, agora com esta distância, como aconteceu esta montanha-russa?

HB: Eu sabia que não ia entrar de caras na equipas, mas poderia ganhar o meu espaço. Há jogos que nos marcam, não saem da cabeça. Lembro-me de ter jogado contra o Gil Vicente e as coisas não correram bem. Tinha sido titular e fiquei a semana inteira a pensar naquilo, não dei tudo nos treinos por ter falhado naquele jogo. Naquela altura eu sabia que aquela tinha sido a minha oportunidade, não é como os jovens de hoje. Nessa altura eu falhei.

zz: Falou com alguém depois disso?

HB: Não. Guardei para mim. 

qLembro-me de ter jogado contra o Gil Vicente [pelo FC Porto] e as coisas não correram bem. Tinha sido titular e fiquei a semana inteira a pensar naquilo, não dei tudo nos treinos por ter falhado naquele jogo. Sabia que aquela tinha sido a minha oportunidade

zz: Hoje é quase necessário falar, talvez, com alguém de fora, para limpar a cabeça para o treino seguinte.

HB: Pois, mas isso não acontecia. Eu sabia que tinha o suporte da minha família e sabia que o meu pai me ouviria, mas esse tipo de coisas guardava muito para mim. Eu fiquei a remoer naquilo mais de uma semana. Eu recordava aquelas jogadas todas em casa, uma vez que falhei. Eu sabia que aquele momento ia marcar a minha época, apesar de todo o apoio que tinha. 

zz: Foi para o Trofense com o Tulipa. É uma época difícil: o Trofense fez coisas bonitas, mas desceu de divisão…

HB: É uma das pedras que tenho no meu sapato, pois davam-nos tudo. A única coisa que falhava eram as condições de treino, pois ou era no estádio ou em Laúndos. Andávamos sempre de um lado para o outro. De resto, aquele clube não falhava com nada: salários sempre em dia, tudo direitinho, balneário impecável, material à vontade e não mereciam que terminássemos a época daquela forma. O que me custa é ver que não conseguiram levantar-se.

zz: Foi para Setúbal no ano seguinte: era para ali que queria ir?

HB: Essa foi a única vez que tive de optar pela solução que me deram. Eu tinha outras propostas, mas tinha ida para lá o mister Carlos Azenha.

zz: Tinha sido adjunto do Jesualdo.

HB: Exato e conhecia-me. Mas o Vitória FC passava por momentos muito difíceis. Eu fui a um treino e estavam a fazER captações. Era mais de 30 jogadores a treinar à experiência e para mim era um bocado irreal ver um clube da 1ª Liga a passar por isso. Na altura, eu ia assinar pelo Leixões. Era perto de casa, tinha muitos amigos no Leixões e assim estava perto de casa, mas o FC Porto chamou-me para uma reunião. Cheguei à reunião e estava o presidente Pinto da Costa, o Antero Henrique e o Carlos Azenha. Estava tudo ali, entrei com o meu pai e perguntou-me: ‘Então, Hélder, já te decidiste?’ (risos). Eu não.

Na altura quem falou muito foi o presidente e tentou convencer-me de que as coisas iam correr bem. Eu disse que Setúbal não era a minha primeira opção, queria ficar perto de casa, mas ele convenceu-me a ir para lá. Fizemos uma época boa, conseguimos a manutenção e fiquei com excelente relação com as gentes de Setúbal. São pessoas que gostavam muito do clube.

zz: Terminou contrato com o FC Porto e foi para Braga pela mão do Domingos Paciência.

HB: Exatamente. Na altura, tinha uma proposta para ir para fora, que começava a ser vantajoso para mim emigrar e estava mesmo inclinado a aceitar esse desafio, mas o mister Domingos Paciência ligou-me e convenceu-me. Eu sabia que era um Braga em crescimento.

zz: No ano anterior tinha sido segundo classificado.

HB: O mister Domingos Paciência conhecia-me bem e eu sabia que o projeto estava bem montado.

zz: Foi a melhor coisa que fez?

HB: Foi.

zz: Logo de estreia uma final da Liga Europa, participação na Liga dos Campeões…

HB: Eliminar Celtic, eliminámos o Liverpool. Infelizmente perdemos aquela final.

zz: Mas chegaram à final.

HB: Certo, mas, voltando atrás, eu fui talhado para ganhar. Ali em Braga olhámos jogo a jogo, principalmente na Liga Europa. Cada vez que passávamos uma eliminatória acreditávamos ainda mais. Quando chegámos a final, já só queremos ganhar. Sabíamos que ia dar, por isso digo infelizmente. Mas tenho grandes memórias. Em Dublin só se falava português, toda a gente junta nos cafés, portistas e bracarenses. Andávamos a fazer o nosso passeio e víamos os adeptos a confraternizarem. Foi especial, era um ambiente muito bonito. A única coisa que não foi especial foi o resultado. 

Extremo nos tempos de SC Braga @Catarina Morais

zz: Como foi criado esse grupo para ser especial?

HB: Eu penso que era tudo, desde a estrutura, começando pelo presidente. O grupo era de outro planeta. Mensalmente tínhamos um almoço de equipa, que só terminava na hora da ceia. Isso ganha troféus e campeonatos, depois começas a ver a onda a crescer, vitória após vitória. No ano do Leonardo Jardim começámos a acreditar que podíamos ganhar muita coisa. Depois, é importante o plantel lidar com isso e nós lidávamos muito bem.

zz: Nos anos seguintes tem jogadores com um patamar competitivo alto, como o Nuno Gomes e o Quim. Isso mostra a evolução que o clube queria fazer?

HB: O Nuno Gomes podia não vir no patamar mais alto da sua carreira, mas deu-nos tanto. Treinava de uma forma inacreditável, tal como o Quim, o Hugo Viana… Eles puxavam pelos mais novos e isso fez-nos crescer.

zz: Saiu de Portugal pela primeira vez para jogar no Almería.

HB: Fui emprestado pelo SC Braga, na altura o treinador era o Jesualdo. Tivemos uma conversa super aberta porque eu queria procurar novos ares.

zz: Vontade de quem?

HB: Penso que das duas partes. O SC Braga queria aproveitar um novo treinador e mudar um bocado os jogadores; eu queria abrir horizontes, depois de ter ficado a pedido do mister Domingos Paciência. Eu soube da possibilidade de ir para La Liga e isso cativava-me porque era um campeonato espetacular e potenciava as minhas qualidades.

zz: Mas só esteve em Almería meio ano.

HB: Muito boas recordações. A cidade não é fantástica, em comparação com outras da Andalucía, mas a temperatura era formidável. Era Verão quase o ano todo, a comida era espetacular, tinha a praia ali ao lado. Fui para lá, mas fui acompanhado e fui um novo começo para mim. No entanto, custou-me muito. Foi o primeiro ano fora do meu país e, apesar de estar com a minha mulher e o meu filho, senti dificuldade na forma com veem os portugueses. Não é bem os nuestros hermanos. Comecei a pensar que era visto de forma diferente. Tive a ajuda muito grande do Nélson, o lateral direito. Não tive dificuldade no futebol, mas sim na adaptação. No entanto, ajudou para tudo que apanhei nos anos seguintes.

zz: Mas xenofobia?

HB: Nada disso, mas senti a falta do ombro do meu pai. Recorri mais vezes à minha esposa e aprendi muito com isso. Nesse ano conseguimos a manutenção e foi muito bom para nós.

zz: Saiu para a Grécia, mas para a 2ª Divisão. Um gigante, mas na 2ª Divisão, o AEK. Com um treinador, com quem deve ter tido conversas relacionadas com o Euro 2004…

HB: Infelizmente.

zz: Dellas. Como surgiu o AEK?

HB: Se calhar foi o momento da minha carreira em que mais dúvidas tive. Já tinham passados vários jogadores portugueses por lá, mas eles estavam na 2ª Divisão. Eu tinha outras propostas da 1ª Liga grega e depois tinha o AEK. E o AEK era um colosso, enquanto as outras equipas não. O diretor desportivo era um sérvio, o Branko Milovanović, que tinha sido diretor desportivo do Las Palmas. Começou a fazer o seu trabalho, a fazer-me sentir querido. Falei com o treinador, que é um figura histórica, e ele convenceu-me a ir para lá. Foi das melhores decisões da minha carreira.

zz: São sempre assim.

HB: Amei cada minuto que passei naquele clube e naquela cidade.

zz: Subiu de divisão e logo a seguir ganhou a Taça da Grécia. Eu não quero imaginar a quantidade de gente…

HB: Se eu lhe disser que tive um jogo para a Taça onde estavam 70 mil adeptos do AEK na bancada, contra o Olympiacos… Aquilo começa a ser uma coisa anormal para mim, quando durante a pré-época fomos estagiar para uma terrinha e tínhamos os treinos cheios de gente. Saímos do hotel e erámos acompanhados por adeptos. Estávamos na 2ª Divisão. Foi um ano fácil e no ano seguinte as coisas cresceram ainda mais. 

zz: Quando pensaram que podiam ganhar a Taça? Apesar do AEK ser um gigante, tinha acabado de subir.

HB: Certo, mas no ano anterior já tínhamos jogado contra o Olympiacos na meia-final e é nesse jogo que os adeptos do AEK encheram o estádio com 70 mil adeptos, porque os adeptos na Grécia não podem ir aos jogos fora. Perdemos esse jogo contra o Olympiacos do Vítor Pereira, com um golo com a mão do Franco Jara, que jogou no Benfica. Na altura não havia VAR. Foi uma injustiça muito grande e o jogo não acabou. Com esse golo, houve invasão de campo, originou um monte de problemas. No ano a seguir vamos à final contra o Olympiacos e os adeptos estão interditos de entrar. Deixaram ir mil adeptos de cada clube. As claques não foram, eram apenas famílias. Ficou um ambiente esquisito, mas ganhámos e viemos cá fora, onde tínhamos uma multidão à nossa espera e valia tudo. Foi fantástico.

zz: As coisas corram bem, mas saiu. Foi para os Emirados Árabes Unidos. Como foi lá parar?

HB: Tinha mais um ano de contrato com o AEK. Começámos a temporada a jogar um play-off da Liga Europa contra o Saint-Étienne e perdemos. Surgiu a hipótese de ir para os Emirados Árabes Unidos pelo Hugo Viana. Ele tinha jogado lá no ano anterior e disse-me que o Al-Wasl queria contratar-me. Eu disse que estava bem na Grécia, mas disse que era uma questão de discutir propostas. O AEK não me queria libertar, mas eu expliquei que financeiramente era importante para mim. Acabou por ser o Hugo Viana a fazer grande parte das negociações e fui para uma realidade completamente diferente.

zz: Saiu de um clube com milhares de adeptos, para outro onde o futebol ainda está a proliferar.

HB: Era tudo diferente, os costumes, os treinos… Eu treinava lá às 18 ou 19 horas, debaixo de um calor enorme, maneiras de ver completamente diferente. Foi muito diferente para mim adaptar-me ao futebol. As pessoas pensam que basta chegar e és o maior, mas não é assim. Tu tens de ter colegas que saibam fazer passes, que te cobram quando tu falhas… Precisas de ter mecanismos de treino, que são bases no futebol europeu. Mas ali não havia. É impossível chegares lá e fintares toda a gente. Falta a qualidade inerente ao treino e ao jogo. Não é uma situação fácil e eu não me adaptei ao futebol árabe.

zz: É o perceber que o dinheiro não é tudo?

HB: Com as ideias que tinha na altura, voltava a fazer o mesmo. Ajudou-me bastante na altura, tal como agora, mas é uma diferença muito grande e é uma pausa na tua carreira. Fiquei feliz sempre com as minhas escolhas porque dei sempre o máximo. O meu pai sempre me ensinou a dar o máximo.

zz: Vai para o Turquia para o Akhisar.

HB: Sim, em Izmir. Dizem que é a zona mais europeia da Turquia.

zz: Apanha o atual treinador do Galatasaray, Buruk. Na altura ele estava a começar. Foi uma boa experiência?

HB: Uma vez mais, colegas: o Custódio tinha jogado lá e ainda lá estava o Miguel Lopes. Foi o Custódio que me falou. Eles precisavam de um extremo. Eu disse que queria sair do Dubai e as coisas resolveram-se. Foi uma experiência brutal e feliz, pois conquistei mais uma taça.

zz: Completamente impensável.

HB: Inacreditável. Acho que só nós e aquelas pessoas. O clube não nos falhava com nada. Na Turquia falham muito nos ordenados, há clubes que ficam orgulhosos de só deverem dois meses, fazem disso bandeira. No Akhisar eram certinhos. Além disso tínhamos prémios de jogo. Era tudo pago a horas e só dois ou três clubes na Turquia é que cumpriam isso. Depois, era um clube muito terreno, com pessoas locais. Faziam o nosso almoço, tudo direito e fomos acreditando que era possível ganhar a Taça.

Ganhámos ao Galatasaray, que era o mais forte, e enfrentámos um Fenerbahçe que não estava no melhor momento. Nas finais os estádios ficam com o número de adeptos dividido e nós só tínhamos adeptos atrás de uma baliza, mas foram os suficientes. 

Extremo no Akhisar @Akhisar Belediyespor

zz: Mais uma taça levantada.

HB: Marcaram uma final para uma cidade que eu desconhecia. Diyarbakır. Era uma cidade toda destruída, edifícios em ruínas. No dia anterior fomos acompanhados para o treino por tanques de guerra. Era uma zona de conflito, mas marcaram para lá o jogo porque o estádio era fantástico. Decidi dizer ao meu pai para ir ver a final. Ele veio ver a final, ficou instalado no meu hotel sem falar inglês e eu, em estágio, ia ajudando-o. Tinha sempre serviço de quarto, mas o meu pai esteve nessa final. Eu fiz o último golo do jogo, não podia pedir mais nada.

zz: Deves ter chorado imenso.

HB: Chorei eu, chorou ele… Tenho muitas imagens disso, foi dos momentos mais marcantes da minha carreira. O que sempre desejei aconteceu. O pai assistia sempre aos meus jogos, tirando quando emigrei, mas tive o pai nessa final.

zz: Na da Grécia não teve?

HB: Não, não podia.

zz: O destino é mesmo tramado. Esse foi o seu último título.

HB: Foi o meu último título.

zz: E o seu pai estava lá.

HB: E o meu pai estava lá, mais uma vez.

zz: É quase o cosmos a meter-se na sua mão. Foi para Hatay, uma cidade que entrou no mapa a propósito do sismo que matou milhares de pessoas. Que cidade foi esta?

HB: Lembro-me de estar nas escadas de casa do meu pai a decidir se ia para Hatay. Na segunda época no Akhisar, no ano da Liga Europa, começaram a falhar muitas coisas: salários em atraso, prémios em atraso, a despachar os jogadores. Continuo com coisas por receber de lá. Tinha possibilidade de ir para a Grécia, permanecer em clubes da 1ª divisão turca, que tinha salários em atraso, ou ia para a 2ª divisão turca, que me diziam que era um dos candidatos a subir, apesar de os colegas com quem falava me dizerem que havia equipas mais fortes. Lembro-me de ir a Paredes falar com o pai para decidir o que fazer.

zz: Sempre os conselhos do pai.

HB: Monetariamente, a Turquia era melhor que a Grécia. As memórias da Grécia era as melhores, mas a ambição de subir de divisão na Turquia também era grandes. Eu lembro-me de estar a ver as imagens na internet e mostrar ao meu pai. Era uma cidade muito fechada, na fronteira com a Síria. Fui para um lado oposto, completamente diferente. Era uma cidade pequena, mas eram três milhões de pessoas. Foi um choque muito grande, esta troca. 

zz: Esteve lá ano e meio.

HB: E novamente uma decisão acertada, pois subi de divisão. Foi aí que surgiu o primeiro elogio da minha carreira, por intermédio do meu pai.

zz: Então?

HB: Fui para lá e não tinha colégio para o meu filho. Fui sozinho, deixei toda a minha família cá e faço toda a temporada sem um português, sem um brasileiro, sem ninguém. O máximo que tinha eram dois franceses, de resto eram todos turcos. A minha vida era casa-treino, treino-casa. 

q[Na Turquia] O Rúben Ribeiro tinha o apartamento dele, mas vinha dormir a minha casa todos os dias. Quando chegava à noite, dava aquela saudade e, por volta das 22h30, só pedia para eu fazer bolachas de aveia

zz: Com uma pandemia pelo meio.

HB: Sim. Foi um choque para mim. Fecharam tudo e na Turquia é tudo grande. Quando disseram que o campeonato tinha parado e podíamos tentar ir para os nossos países foi uma dificuldade imensa. A embaixada tentava arranjar voos, mas não havia nada. Quando me arranjam um voo é através de Istambul. Eu para chegar a Istambul tinha que fazer 11 horas de carro e ter autorizações para passar em todas as fronteiras… Tive de levar um tradutor comigo e lá é preciso dar incentivos por tudo.

Quando cheguei a Portugal, mandaram-me voltar para Hatay e tive de fazer novamente aquela viagem. Foi uma fase muito dolorosa e, quando voltei, o meu pai disse-me que tinha um orgulho muito grande em mim, na forma como soube lidar com toda aquela situação de uma forma positiva. Até hoje. Disse: ‘Estou muito orgulhoso de ti.’ Para mim foi suficiente.

zz: Foi mesmo muito difícil.

HB: Completamente. Aquilo acaba por coroar toda a situação, mas foi mesmo muito difícil. No ano a seguir tive a companhia do Rúben Ribeiro e sei que o ajudei a amparar o choque de realidade que ele também sentiu. O Rúben Ribeiro tinha o apartamento dele, mas ele vinha dormir a minha casa todos os dias. Ele vinha lá para casa e, quando chegava à noite, dava aquela saudade. Por volta das 22h30 só pedia para eu fazer bolachas de aveia. Dormia quase todos os dias no sofá lá de casa. Ajudamo-nos muito um ao outro.

zz: Finalmente voltou à Grécia. Panetolikos.

HB: Novamente o Dellas. Comecei a ficar com salários em atraso na Turquia, foram quatro meses. Eu gosto que as pessoas não faltem à palavra e lá no Hatayspor isso aconteceu. Diziam que iam pagar e falhavam o dia. Em Hatay eu mobilei uma casa para ficar ao meu gosto, pois ia passar muito tempo em casa. O Dellas, na Grécia, soube disso, ligou-me para eu voltar. Fui para uma cidade muito diferente de Atenas, mas na qual adoravam e adoram futebol.

zz: Loucos.

HB: Mesmo. Eu costumo dizer que se não for possível viver no meu país, vou querer viver na Grécia.

zz: Muita gente diz que são países semelhantes.

HB: Bom tempo, comes bem. Eu costumo dizer que o português, se tem um euro no bolso, vai para casa e poupa aquele euro porque pode fazer falta. O grego tem um euro e dá para tomar café a tarde toda. Eles desfrutam muito da vida. Fui super feliz lá, consegui manter-me na 1ª divisão e estive num país que adoro.

zz: O fim do cartão de emigrante deu-se pela porta do Varzim. Esperava ver o futebol português mais desenvolvido?

HB: Não, gostei do que vi. Podia esperar ir para outro patamar competitivo que não a Liga 3, mas não aconteceu. Fiquei surpreendido pela forma como a Liga 3 estava organizada. O Varzim tinha uma boa organização, sempre com pequeno-almoço. Foi um patamar onde me senti muito bem e confortável.

zz: Orgulhoso da sua carreira?

HB: Muito orgulhoso. Algumas pessoas poderiam achar que eu chegaria mais longe, outras que eu não atingiria este nível. Cheguei onde tinha de chegar. Fui sempre profissional, dei sempre a minha melhor versão, ganhei bons amigos e por isso estou orgulho daquilo que conquistei.

zz: Quem merece o seu maior agradecimento?

HB: Os meus pais. É difícil para mim, mas deram-me sempre tudo.

zz: Agora só falta escolher o seu 11…

HB: Eu tinha que colocar aqui quase a equipa que ganhou a Liga dos Campeões do FC Porto, mas vou fazer uma mistura. Na baliza vou colocar o Vítor Baía porque foi sempre uma referência e mostrou-me muito da forma que deve trabalhar um profissional. Defesa direito, também podia dizer muitos, mas vai ser o Bosingwa. Era único, tinha um pulmão inesgotável, nunca o vi abafado e nós todos rotos. Era fantásticos. Centrais? O Pepe tem de estar aqui, o que ele continua a dar é de outro planeta; Jorge Costa: a mística estava toda lá e era impossível fazer uma equipa sem ele estar. Defesa esquerda, tive a felicidade de jogar com ele num clube e na seleção e tem de estar aqui. O Sílvio. Um jogador fantástico, como pessoa também. O Sílvio destaca-se aqui. 

Hélder Barbosa no dia da entrevista na redação do zerozero @José Pedro Afonso

No meio campo: Lucho González… Que jogador. Uma qualidade incrível, nunca se cortava. Outro jogador, o Hugo Viana, um jogador que me ensinou muito, fazíamos muitas viagens juntos entre Braga-Porto e Porto-Braga, além de ser um jogador espetacular. Agora vamos a Espanha. Um jogador que todos sabiam o que ele ia fazer, mas nunca lhe roubavam a bola: o Suso. Fantástico. Quando cheguei conhecia vagamente, toda a gente sabia o que ele ia fazer, mas ninguém conseguia roubar-lhe a bola. Era um talento formidável e podia ter chegado a um nível maior. Agora, um dos grandes ídolos que tive na minha carreira. Foi meu colega de equipa e mostrou-me muito sobre o que é o mundo de um craque: o Quaresma. Tive a oportunidade de treinar com ele e de, a convite dele, ir muitas vezes depois dos treinos ver o mundo dele, o que era ser um jogador idolatrado. Foi um dos grandes jogadores que conheci na minha vida e a quem tive o privilégio de chamar de amigo.

Na frente… Não vou colocar, mas tenho de contar uma história do Benni Maccarthy. O Ivanildo uma vez elogiou uma camisola que ele trazia vestida, ele perguntou se era verdade o elogio e tirou a camisola e deu ao Ivanildo. Vestiu uma do Porto e foi embora. Mas tenho de colocar o Nuno Gomes por tudo o que me ensinou, pelas portas que abriu aos portugueses quando esteve emigrado na Fiorentina e depois vamos buscar o número 10. Infelizmente não atingiu o patamar no FC Porto que toda a gente pensava que ele ia atingir, mas não imagina o que jogava: Diego. Quando ele estava no FC Porto, o pai deu entrevistas e o Adriaanse não gostou, mas ele tinha uma qualidade brutal. Era incrível. Está aqui a minha equipa.





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Marc Valldeperez

Soy el administrador de marcahora.xyz y también un redactor deportivo. Apasionado por el deporte y su historia. Fanático de todas las disciplinas, especialmente el fútbol, el boxeo y las MMA. Encargado de escribir previas de muchos deportes, como boxeo, fútbol, NBA, deportes de motor y otros.

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